PEDIR OS SANTINHOS EM SÃO MAMEDE
Manda a tradição que se vá pedir os santinhos no dia de todos os santos, lá na minha terrinha.
Já não deu para cumprir a tradição no dia 1 por força da viagem e da chuva, mas fomos no dia 2. Estava um dia fantástico de Outono, com uma temperatura bem agradável e com solinho, tudo limpo.
Limpinho era também que íamos ter de aviar umas valentes subidas e não nos restava alternativa senão pedir a todos os santinhos para ajudarem. Talvez o São Mamede estivesse disponível, ou talvez não...
Desta vez trocámos as zonas mais planas a sul de Portalegre para ir penar bem no meio da serra.
Saímos da Ribeira de Seda, o lugar onde cresci e me fiz homem e a ideia era ir até Alegrete, via Viveiro Florestal. Antes do viveiro saímos do alcatrão e começámos a desbravar uns trilhos e uns corta fogos até cruzar a estrada para as antenas.
Até Alegrete, a minha freguesia natal, subimos, mas também descemos uns belos estradões. Fizemos paragem no Bar dos Amigos, onde encontrei mesmo alguns amigos, para um café e uma cola e preparar a mente para o que aí vinha.
A ideia era meter pelo meio do arvoredo da serra, até às eólicas. A partir de Alegrete não houve ordem para descansar, foi sempre a carregar nos cranques até gastar a cassete e a mudança mais leve. Haja pernas e pulmão para aguentar.
Foi-se levando a coisa com calma mas a última subida foi feita a prestações até se avistar a tão desejada primeira eólica. Estava atingido o objectivo principal, chegar quase ao topo da Serra de São Mamede, ali a rondar os 900m de altitude.
Já no asfalto novamente, vieram as primeiras cãibras. Como viram que eu não estava pelos ajustes, tiveram de desaparecer ainda antes de nos refrescarmos na fonte de São Mamede.
Dizia o Tiago que já que levei a bike para Portalegre, até parecia mal não apanhar um empeno. Depois da aguinha fresca resolvemos, antes de ir para casa, dar um saltinho à cidade.
Metemos pela Estrada da Serra e apanhámos um trilho até à antiga e saudosa discoteca Infinito, que no início se verificou estar um valente pedregal, onde tivemos de andar um bom bocado desmontados.
Do Salão Frio descemos por um single track até às traseiras do Seminário, também com muita pedra no início. Atravessámos o Jardim do Tarro e subimos bem pelo meio da cidade, Rua Direita acima, até à Praça da República.
Ainda fizemos um trilho por trás do Matadouro até à Frazoa, antes de rumarmos a casa, depois de uma bela manhã de pudalanço. Não há dinheiro que pague as vistas, o cheiro da serra e a boa companhia.
Pensei que fosse chegar mais estoirado mas até me aguentei bem com os 1000m de acumulado numa voltinha de apenas 37Km, com o meu sobrinho e companheiro de jornada.